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quarta-feira, maio 05, 2021

DO DEVANEIO À REALIDADE

Da janela do meu quarto
Vejo o sol, vejo a lua, vejo o luar
Vejo as crianças no recreio a rir e a brincar.
Os seus alegres gorjeios
Como gorjeios de pássaros pelo azul a voar
Trazem até mim os teus braços
Para com eles me abraçares;

Da janela do meu quarto
Vejo pássaros felizes em piruetas pelo ar
E a cantar…

Num firme golpe d’asa
A minha alma em teus braços
Em piruetas pelo ar
Com os pássaros pelo azul a voar.

Todavia o devaneio a outrem cede o lugar.
Na voz do locutor, que me chega pela rádio:
“Há mais um caso suspeito.
Já são vinte e cinco os casos confirmados.”

De fantasia já basta. Toca a por os pés no chão.
Esses são os factos que se opõem à ilusão.
Minha alma em breve está de volta
Num breve “fechar de mão”:
Não é tempo de sonhar, mas de por os pés no chão.

Essa sombra negra e crua, a crescer do oriente
com a rapidez do relâmpago, propaga-se pelo mundo
de segundo em segundo. Toma grande expansão.
Já são mais de noventa os países contaminados
e muitos são os seres sob o seu hálito finados.
São porém muitos mais os que já foram curados!

Há que ter a consciência de que é necessário agir
enquanto na sombra maligna temos ainda mão.
Há que agir rapidamente para deter sua incursão.
Cerrar caminhos, carreiros, por onde possa caminhar.
Encarcerá-la entre muros para a sombra não voar.
Se a sombra toma asas não haverá como a parar!

“Hoje, em Portugal, são já trinta os infetados.”
Há que agir rapidamente!
Travar o seu avanço também está na nossa mão.
Cada um, no seu lugar, deve tomar consciência
do seu viver coletivo neste mundo global
e que suas atitudes têm repercussão geral.

Há que agir rapidamente para deter a invasão.
Travar o seu avanço também está na nossa mão!

Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 09/03/2020

PS: Este poema, escrito em 09/03/2020, publicado na altura no Facebook, revisto agora, aqui fica para que relembremos o início desta pandemia e tudo o que aconteceu durante estes catorze meses. Apesar de agora estarmos no bom caminho e da vacinação, é preciso não abusar da liberdade/responsabilidade. Ninguém quer, com certeza, voltar atrás.

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