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sexta-feira, maio 07, 2021

“Todo o homem tem um preço”

Como um cancro insidioso, perverso, que mina silenciosamente as células do organismo, assim a corrupção vai minando a sociedade atual, estendendo a sua teia em todas as direções, em todos os meios e das mais diversas formas.

Da pequena corrupção (pequenos “favores”, pequenas negociatas “por de trás do pano”, à grande corrupção envolvendo milhões, a corrupção percorre toda a sociedade. E sempre existiu. Não, talvez, em tão grandes proporções como agora, mas sempre existiu. Mais camuflada e embrulhada, muitas vezes, na capa da amizade, ela foi “comprando” benefícios para uns em detrimento de outros mais merecedores. É o cabrito que se leva ao amigo em determinado lugar, para facilitar a entrada naquele emprego; é a palavra que se dá ao colega para dar um “jeitinho” na nota daquele aluno, possibilitando-lhe a entrada no curso que pretende, lugar que já não poderá ser ocupado por outro com direito a ele por mérito; É a nota de fim de curso, que se “engorda”, …(e recordo-me de uma colega que se gabava de ter tido determinada nota no fim do curso porque o pai era amigo de… Como se isso lhe enaltecesse o carácter!); e muitas outras pequenas/grandes coisas, que não são vistas como corrupção, mas como “provas de amizade”, mas que favorecem uns, em detrimento de outros mais merecedores, e que são corriqueiras na nossa sociedade, desde sempre, à grande corrupção que envolve somas avultadas e estende os seus tentáculos por todas as áreas, minando, corrompendo, roubando.
“Todo o homem tem um preço”. E, se calhar, todos seremos capazes de nos deixar comprar: uns por amizade, por amor, outros por ambição. E cada vez mais. Os princípios morais, a ética, o respeito pelo outro caminham pelas “ruas da amargura”. Hoje é um “salve-se quem puder”, sem atenção ao que é pisado para atingir o que se quer. E é urgente mudar este estado de coisas. Há que combater, por todos os meios legais, todas as formas de corrupção. Não basta ter leis justas. Há que aplicá-las com justiça. E só pode haver justiça numa sociedade, se todos, todos, sem classe, cor ou religião, ascenderam aos patamares superiores da sociedade, apenas e só, pelo seu mérito: pelas suas capacidades intelectuais, de trabalho e de relacionamento humano.

NÃO À CORRUPÇÃO
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 07/05/2021

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