Olho a brisa doce, suave, meiga, acariciadora,
a afagar o corpo do majestoso plátano, em frente da minha janela,
como mãos maternais acariciam as faces sedosas do seu bebé amado,
enquanto lhe segreda palavras ternas, que só uma mãe sabe dizer.
Desce sob o meu olhar a nostalgia do tempo.
Do tempo que foi, mas já não é. E o meu coração interroga-se:
O tempo! O que é o tempo? O que é o meu tempo?
O meu tempo é apenas o momento. Este momento.
Este momento, aqui, sentada em frente do meu computador.
O tempo em que digito esta letra, e apenas esta.
Não sei se terei tempo para digitar a segunda,
Não sei se terei tempo para continuar no tempo,
Ou se o tempo me será cortado.
O tempo! O tempo de cada um é algo tão efémero!
É algo sobre o qual não temos qualquer controlo.
Aqui, neste planeta tão belo, que habitamos,
somos apenas marionetas com tempo marcado.
Sabemos o dia em que chegamos e, geralmente,
festejámo-lo com alegria: o nosso aniversário.
Mas não sabemos o dia em que fecharemos os olhos e partiremos.
Somos apenas marionetas manobradas por um alto comando
que está para além de nós.
Jeracina Gonçalves
Barcelos/Portugal, 19/05/2021
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